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"Ela escrevia muito bem sobre o amor, mas só na escrita que sabia lidar com isso." Mark Hr.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Ma(r)ternar

Ser mãe faz você se sentir 100% completa, insegura, forte e fraca ao mesmo tempo; faz sentir saudade da vida de antes a cada noite mal dormida; ficar invisível quando chega nos lugares e ninguém mais te vê e acreditar veementemente que foi abandonada por si mesma, sem falar da solidão dos momentos que você não tem alguém pra te suportar (em todos os sentidos literais da palavra).

Mas chega uma hora que você se acostuma. Sim, maternar é se acostumar... se acostumar com não ter costumes, porque tudo muda o tempo todo. Você dorme mais a noite com o tempo, mas corre mais durante o dia; vai tendo controle sobre suas atividades, mas tem que tomar conta das atividades de um outro alguém agora e assim vai construindo seu novo eu, um eu que sempre será incompleto, mas que por um bom tempo vai ser tudo na vida de alguém e tá tudo bem!

Essa é a calmaria que chega após a tempestade.

76 dias depois, 2 meses e meio e eu acabo de me dar conta de que ela está passando, e junto o medo do que pode acontecer, do barco virar, das ondas turbulentas batendo e da água que não parava de cair dos meus olhos. Me sinto reconstruindo a segurança pra tomar o timão e voltar a domar o mar.

As vezes um cruzeiro, as vezes um naufrágio... Que viagem a maternidade!